Reli no outro dia a conhecida obra de Franz Kafka cujo título este post partilha. É de facto uma pequena grande obra que com uma história simples aborda inúmeros temas sociais. Desde a degradação das relações humanas, à dignidade do trabalho, a questões familiares, ou ainda uma dicotomia bastante interessante entre realidade do que sentimos vs aquilo que os outros pensam que sentimos, entre muitas outras peculiaridades.
Fica mais uma vez a certeza de que um bom livro nos conduz e leva sempre para onde o autor e a sua obra querem, enquanto uma má simplesmente nos empurra.
Esta menção literária como prólogo, para vos introduzir uma pequena reflexão que me tem acompanhado ultimamente. O facto de nos metamorfosear-mos em inúmeras situações de vida. É uma realidade!
De facto, como canta Raul Seixas nesse clássico intemporal da música brasileira, gosto que a minha vida seja uma “metamorfose ambulante”, isto é, gosto de “não ter aquela velha opinião formada sobre tudo” ou “poder dizer o oposto do que eu disse antes”. Falsidade ou cinismo? Não! Passo a explicar.
Confesso-me uma pessoa de princípios, de valores, e com uma educação felizmente bastante rica a nível pessoal, emocional e intelectual. É normal porém, que goste de abalar e discutir todo esse conjunto hierárquico que me forma como pessoa, toda essa tradição que já é minha, para assim sair depois ainda mais fortalecido.
Toda esta teoria funciona também com opiniões e ideias de todo o cariz e cultura, a até mesmo com os nossos sentimentos!
Apercebo-me cada vez mais da capacidade humana de metamorfosear aquilo que sente, de o esconder ou retrair, principalmente se a realidade por detrás for complexa e complicada. É uma veracidade quotidiana desde os mais pequenos e insignificantes sentimentos, aos mais fortes e delicados de lidar.
Fica esta vontade sentida e casmurra de conseguir lutar por uma sinceridade de sentimentos nesta correria de vida diária de metamorfoses.